quinta-feira, 10 de março de 2011

Trem dos 'Eus'

Como numa viagem de trem, eu vivia. Dentro do vagão, meu eu e eus de outros viajam, meu eu e eus de outros fugiam. Estranho, mas o nosso trem tinha destino ao Sozinho, um município da Solidão, extremo sul da Angústia, e todos os vagões viajam lotados. Para cada eu que ali viaja, a viagem era difícil, passávamos por estações como Paixão Ardente, Amizade de Infância, Amantes da Noite, Amor Eterno, entre outras que serem foram desconfiadas por nós, depois de tantos desembarques, acreditávamos que o encanto termina após a temporada de férias e ou no próximo verão.
Dentro do vagão todos observavam o passar de cada estação, todas semelhantes: em primeiro plano o áspero, o agressivo com cor de medo, mas logo se via o vermelho suave, carinhoso e convidativo ao fundo, o odor infestante de felicidade que entrava pelas janelas do nosso vagão. Eram poucos os eus que eu via desembarcar em qualquer estação, talvez se explicasse pela longa viajem que já havíamos feito onde muitos desciam, e não era grande o tempo passado antes que esses voltassem. No entanto, outros nunca mais subiram em nosso trem e sempre ao passar na estação onde este havia descido, percebíamos o escuro do medo, cada vez menor, e o odor amarelo entrando com mais intensidade em nosso vagão e talvez isto explicasse a sempre presente tentação ao desembarque.
O medo da falsa eternidade, da ilusão cobria as paredes do vagão onde eu viajei. “O sempre não existe”, estava gravado como um slogan nos bancos do trem. Um dia ao observar a chuva, sempre caindo de cima pra baixo, como tudo que caí, a chuva sempre molhada, e o céu, sempre em cima da minha cabeça, aquele slogan ali na minha frente começou a perder sentido. Vendo alguns eus, conversando sobre suas desilusões, me perguntava qual o sentido daquele eu chegar à Sozinho, se ele não permaneceria sozinho? Outros eus, sozinhos ficavam, mas comecei a acreditar que um dia, perto de outro eu, ele estaria, e se não, de sozinho ficar, cansaria. A tal necessidade da companhia, essa também era como o céu, e a chuva...Sempre é necessário alguém. Sempre é.
E na próxima estação resolvi descer, eu sabia qual era, já havia feito muitas viagens, Amor Eterno, talvez não fosse a escolha mais sensata, ou a mais insensata de todas.. Amor Eterno era a estação mais convidativa, a mais bonita, a mais cheirosa, no entanto, cercada por medo, o escuro infestado por espinhos logo em sua entrada, no final rosas, e um amor. Lá eu desci, lá, eu sofri, lá eu vivo, lá eu amo, eternamente.

*Por, Rafaela Romano.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Introdutória.

Um pouco do novo e do velho sem saber se o velho é novo, ou é velho mesmo por dentro.
Não sabemos como passamos, como agimos ou saímos daqui. Só nos encaminhamos a um lugar destinado a nós? Ou, destinamos nosso próprio caminho?
Qual é a essência de tudo isso? Ou a existência de tudo isso?
É um todo ou um nada? O que complementa-me e dita o que farei, ou farei e irei ditar o que fazer?
Qual é a minha certeza? Dependente da certeza alheia eu irei seguir sabendo se estarei correto, ou o senso irá me dizer que estou errado, ou certo do seu próprio ponto de vista?

Sigo ao mesmo modo que a linha no caderno segue ou, até mesmo ao desenrolar do barbante diante do tecido que o fará bonito.

O que é belo?
O que é viver?

De certezas todos vivemos, sabemos do real pois o real é formatado a nós, para nós e não temos o que discutir. Porque não termos? E se quisermos, podemos?

Que certeza tu tens?
Qual é o princípio da vida humana. Qual é o princípio inicial até chegar ao teu final, que é a morte?

Será que sou o único a saber dos amores e dos bens que ele tende a vir trazer-me?

Achei logo as certezas, pois cansei dos pontos de interrogação.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Versinho 1/2

É do doce da vida, daquela que alimenta,
É do doce da alma, daquela que busca por morte serena.
É do cantar que o corpo chama, que no corpo geme e clama pelo
doce cantar, aonde no belo plena.
Da Alegria dos dois, da vivência de nós pois,
do conjunto dos amadores, faça-nos dançar na calada da noite pelos lindos olhares,
dos mais chegados, no salão daquele setembro de carnaval.
Do mais lindo breve campo soprarei, e ali nas lindas mais filhas,
no chão daquele canteiro, eu irei te encontrar.
Perambulei escadas, andei por estradas e lá foi-se um.
Encontrarei-me na inspiração do teu olhar, ali por lá assim,
Como foi e como sou, eu me achei,
finalmente consegui me encontrar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Campo dos sonhos.

Todos em volta sabiam o que lhê dizer, mas não seria fácil. Com uma mente daquelas seria praticamente impossível que cometesse tal erro. ''Erros acontecem'', disse ele mas, quem poderia imaginar. Não, ninguém.

Na vida mostrou-se coeso e correto diante do que planejava: Era vida e morte. Diferente de todos, vida para ocasionava indiferença para todos, diante da situação onde se encontrava. Ali, ou em outros locais, seu modesto jeito não condizia com o que todos na sociedade em que vivia pareciam estar acostumados a ver logo, para ele, ali não era o local correto de se estar.
Mudar-se para um Universo paralelo seria mudar algo de lugar e, mesmo chamando a mesmo de louco, cabia a ele acreditar na ficção científica da qual diz que, quando algo se muda no passado, o futuro resultará então, a mudanças extremas. Mas para quem não tinha nada a perder apenas o seus 'eu's' particulares, arriscar não iria lhê ser de tão ruim.

Pegou a primeira espaçonave em direção aos seus sonhos. Foi difícil desligar-se já que as janelas não paravam se confirmar o erro que estava por vir. Ligar ele não iria, nem para as janelas, nem mesmo para seus pesadelos. Era como se fosse um campo de batalha, sabem? Ir lá, penetrar no meio invasivo, ultrapassar obstáculos e ir direto ao campo dos sonhos.
Parece vida real, mas não é.

Turbulências ocorreram durante sua jornada mas, lá estava chegando o tão esperado momento de mudança. Sua personalidade mudava a cada instante que o tempo dos sonhos variava.
Acontece que, no meio do caminho, já ali próximo ao campo dos sonhos algo ocorreu de que ele apenas ficasse paralisado. Paralisado, sem nem ao menos piscar. Não era sonho, era um pesadelo..Pegar a rota direto ao campo dos sonhos foi um erro, uma armadilha sem igual. As janelas estavam certas, elas sempre estão, pensou.

''Erros acontecem'', disse ele mas, quem poderia imaginar? As já-nelas..

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aéreo ao Cais.

A dor da saudade torna-se um sentimento que complementa o vazio daquele que sente-se por sí só, estar sozinho. A dor da saudade é a ausência do bem estar. A dor da saudade é benéfica quando se ama. A dor da saudade é benéfica quando se perde. O sentimento momentâneo até que algo vá de encontro ao que ali dentro, pede calma.Não somos nós que pedimos abrigo, é o nosso sentimento desconhecido.
Quem conhece o negativo e o positivo? Sabemos o que nos deixa bem mas para nós o bem do próximo é o negativo em pessoa. Portanto, o que é bom para todos? É igualitário a um só?
De certezas já vivem os poréns confusos. Das dúvidas já vivem as certezas concretas.
Quem ouve sente?
Sente quem pensa?
Pensa quem tem vontade de escutar?
A saudade é boa, para aqueles que sabem que um dia vão amar.
A saudade é boa para aqueles que do mal querem se curar.
A saudade é boa, quando só é esperar algumas horas, até o seu bem ligar, dizendo que, logo logo ali irá de estar.
A saudade não destrói, ela fortifica.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Um pouco do novo velho.

Pensem. É como um epitáfio mas algo diz que é diferente. Será que todos sabem o que querer de suas próprias vidas?
Escutem. Compartilhe se quiser, mas eu te confesso, compartilha no silêncio do teu lar que só tu sabes aonde fica.
Eu sei o meu.
Encontra o teu.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Fevereiro.

Só cabe a eu lhê dizer que o que foi, voltará agora.
Não pulamos de universo, muito menos fomos para outro lugar.
Muitos dizem que o que passou passou, e nunca voltará sequer para te abraçar.
Mas e o que foi bom? O que é bom...
O sentimento de amizade e de carinho?
O de afeto e o de paixão?

Não é só porque tu dissestes que todos foram, que nós devemos ir juntos deles também.
Prevejo que assim como nós, muitos também irão ver como 'enxergamos' mentalmente as coisas.
Não sou um visionário, muito menos um Santo, se caso eles existissem mas,
da certeza do sentimento verdadeiro e da conscistência de que o agora é o ontem e o amanhã é maior do que um dia pensamos que ele fosse ser,
Eu sei que estou certo.

Quem errou e viveu, sabe que na proxima jogada, acertará.

Eu errei uma vez.
Eu vivi, logo, eu acertei por errar...
E fevereiro está aí para provar isto.
De que eu estou certo. Certo em achar-te,
Certo em te amar.
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